26.12.07

Sucateamento da OSMG (2ª parte) - Bem que eu avisei!

Briga de orquestras acaba na Justiça em Belo Horizonte

ONG contratada pelo governo rachou Sinfônica de MG e criou uma nova.
Descontentes acusam entidade de 'desprezo pelos músicos' veteranos.

Por Mara Bergamaschi (para o G1)

O que nem Federico Fellini, em seu cáustico filme“Ensaio de orquestra”, ousou imaginar está acontecendo na pacata Belo Horizonte: duas orquestras disputam o mesmo palco, o mesmo instrumental, o mesmo caixa e a mesma platéia. A conhecida queda dos mineiros pela conciliação e o espírito natalino não foram suficientes para estabelecer uma trégua entre os representantes dos dois grupos - um tradicional e público; o outro novo e privado. Diálogo agora só por meio de oficiais de Justiça.

No último domingo (16), os oficiais foram chamados para impedir a escolha de músicos para a nova orquestra, que atende pela sigla Icos (Instituto Cultural Orquestra Sinfônica). Quem os acionou foram advogados que representam a maioria dos músicos de uma instituição bem mais conhecida, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG). A confusão não terminou aí – e, ao que tudo indica, ainda vai longe. Segundo relataram testemunhas ao G1, os representantes do Icos chamaram a polícia e registraram boletim de ocorrência contra a ação do oficial de Justiça.

Depois de fazer este ano vítimas na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), a guerra jurídica chegou à OSMG e está abalando o Palácio das Artes – endereço único dos dois quartéis inimigos. O que ocorreu em São Paulo, entretanto, se parece mais com o terremoto, imaginado por Fellini, que um só maestro temperamental e um único grupo de músicos rebelados podem causar. Em Belo Horizonte, a situação é mais complicada: a luta é fraticida, pois os músicos agora divididos estiveram sempre unidos na OSMG, que existe há 30 anos, sob uma única batuta.

Impasse

Em Minas, tudo começou há dois anos, tendo como modelo exatamente a Osesp - que deixou de ser pública e se transformou em Oscip (organização da sociedade civil de interesse público), ONG que pode receber verbas públicas, captar incentivos fiscais e patrocínios privados. Com a intenção declarada de melhorar as condições de trabalho da OSMG e os salários de seus integrantes, a Fundação Clóvis Salgado, do governo de Minas, assinou uma parceria com a então recém-criada Icos, que é uma oscip. Esse tipo de mudança também está em processo nas orquestras oficiais do Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do Sul.

Na prática, os músicos da OSMG, funcionários públicos concursados, migrariam para o Icos. Eles avaliaram, entretanto, que seus direitos, como a estabilidade e as vantagens adquiridas, não estariam garantidos com a transferência. Conclusão: mesmo com o atrativo de salários triplicados para quem está em início de carreira, até hoje apenas 32 dos 74 músicos da OSMG se licenciaram para aderir à nova estrutura. E instalou-se o impasse, cuja face mais absurda e visível são as duas meias-orquestras, atuando em paralelo, no maior centro cultural do Estado.

Audições no exterior

Para tentar completar seu quadro de músicos , o Icos, que se apresentou pela primeira vez este mês com somente 17 instrumentistas, marcou, no início de dezembro, audições de músicos até em Miami e Filadélfia. Na versão em inglês de seu site, o Instituto se coloca, confusamente, no lugar da OSMG. Diz o texto: “a OSMG, localizada em Belo Horizonte, terceira maior cidade brasileira, com quatro milhões de habitantes, está fazendo audições de músicos para completar seus quadros”. Informa ainda que a OSMG passa por completo processo de reformulação administrativa e artística e terá como regente titular Fábio Mechetti – que, vindo dos Estados Unidos, já está em Belo Horizonte. Mas quem ainda rege a OSMG, que faz concertos de Natal nesta quarta e quinta-feira, é o maestro Marcelo Ramos. Ele se licencia do cargo em janeiro.

As vantagens oferecidas aos músicos estrangeiros são salários que variam de R$ 65 mil a R$ 78 mil anuais, além de assistência de saúde e benefícios sociais, e oito semanas de férias pagas por ano. Ainda falando em nome da OSMG, o Icos diz que a Orquestra funciona em prédio do “famoso arquiteto Oscar Niemeyer” (Palácio das Artes) e que seus integrantes fazem turnês pelo Brasil e por Minas Gerais. Por fim, lembra que o custo de vida em Belo Horizonte é inferior ao de outras capitais brasileiras e ao das cidades americanas.

“Entendemos que o que está ocorrendo é a privatização de um patrimônio artístico e cultural público, com total desprezo pelos músicos, que nunca foram ouvidos”, afirma o contrabaixista Fernando Santos, 14 anos de OSMG, que fala em nome do grupo que não aderiu ao Icos. A Fundação Clóvis Salgado, parceira da Icos, tem adotado um tom moderado. Segundo a assessoria de imprensa da Fundação, as duas orquestras conviverão pacificamente, por enquanto sob o teto do Palácio das Artes, para o bem do público mineiro, que terá agora mais opções. Mas os músicos que ficaram na OSMG questionam no Tribunal de Justiça do Estado a legalidade da parceria público-privada. Caberá aos tribunais decidir até quem tem o direito de usar o título Orquestra Sinfônica. Intriga digna de cinema.

24.12.07

18.12.07

Niemeyer, a beleza é leve

Sábado, 15 de dezembro, Oscar Niemeyer completou cem anos de vida, para a alegria de seus amigos e de seus admiradores. Se é função da arte inventar o mundo em que vivemos, no caso do aniversariante, já por ser arquiteto e o arquiteto que é, não há exagero em dizer-se que ele mudou a imagem que se tem do Brasil, criando formas arquitetônicas, belas e inusitadas, que se integraram para sempre em nosso imaginário.

Por Ferreira Gular, para a Folha de S.Paulo

Monumentos arquitetônicos como o Palácio da Alvorada, o Congresso Nacional e a Catedral de Brasília -para ficamos apenas em obras da capital brasileira- tornaram-se exemplos de uma nova concepção estética, paradigmas da arquitetura contemporânea.

São apenas três exemplos, mas a verdade é que esse brasileiro é dotado de uma capacidade -quase, diria, de uma genialidade- que lhe permite criar formas esteticamente sofisticadas e, ao mesmo tempo, capazes de tocar a sensibilidade de todas as pessoas. Por isso, escrevi, num poema a ele dedicado, "Oscar nos ensina / que o sonho é popular".

Não tenho dúvida nenhuma de que ele nasceu arquiteto. Certamente, teve de fazer o curso de arquitetura, teve de conhecer e estudar a obra dos grandes arquitetos que o antecederam, mas só um talento excepcional para intuir o espaço arquitetônico e concebê-lo em formas inesperadas pode explicar o fenômeno que ele é.

Essa capacidade de intuir e conceber o edifício manifestou-se, nele, muito cedo e se mantém com o mesmo ímpeto criativo, hoje, quando ele completa um século de vida e após projetar e construir o maior número de obras da história da arquitetura mundial.

Modesto e audacioso, mudou o projeto, concebido por seu mestre Le Corbusier, para o edifício que é hoje o Palácio Gustavo Capanema. O detalhamento do projeto estava a cargo de uma equipe chefiada por Lúcio Costa da qual ele fazia parte. Ao perceber que o edifício ganharia em monumentalidade se as colunas que o sustentariam fossem aumentadas no dobro da altura, fez um esboço que (à sua revelia) levaram a Lúcio Costa, que decidiu adotá-lo. O projeto modificado ficou tão bom que Le Corbusier fez de conta que o projetara daquele jeito.

Quem conhece a história da arquitetura moderna sabe que o princípio básico do novo modo de construir diz que "a forma segue a função". Essa estética funcionalista foi uma reação ao gosto "revival", que sufocava a forma dos objetos e dos edifícios com um decorativismo exagerado.

Por isso, os criadores da moderna arquitetura adotaram a reta e a composição despojada como o seu princípio estético. Essa é a característica comum às obras dos pioneiros da nova arquitetura, como Le Corbusier, Walter Gropius ou Mies van der Rohe.

Se o princípio funcionalista deu nascimento a uma nova linguagem arquitetônica, provocou, em contrapartida, soluções repetitivas que terminaram por empobrecer o repertório formal da nova arquitetura. Ela se tornou pouco criativa.

Coube a Niemeyer romper com essa submissão à funcionalidade e à ditadura da linha reta e soluções ortogonais, ao conceber o conjunto arquitetônico da Pampulha, onde a forma curva predominava. Iniciou-se, então, uma revolução que mudaria radicalmente o vocabulário da arquitetura contemporânea.

Buscar a forma nova, que surpreenda e comova, terá sido o empenho de Niemeyer, desde seus primeiros projetos. E é extraordinária a sua capacidade de criar novas formas, quer sejam as colunas do Palácio da Alvorada, quer sejam os arcos assimétricos do edifício da editora Mondadori, em Milão. É tal a expressão poética desses edifícios que eles parecem apenas pousados no chão, sem peso.

O arquiteto brasileiro deu início, assim, à exploração das possibilidades plásticas do concreto armado e das novas técnicas de construção. Em conseqüência disso, sua audácia na concepção das obras obrigava a soluções técnicas inovadoras, fazendo avançar os processos de edificação. Para isso, contou com a colaboração de Joaquim Cardoso que, além de calculista, era poeta -e dos melhores.

Já houve quem afirmasse que Oscar Niemeyer, mais que um arquiteto, seria um escultor. A afirmação é destituída de fundamento, já que uma de suas principais virtudes é precisamente a intuição e a concretização do espaço arquitetônico. Essa é uma qualidade essencial dos edifícios por ele concebidos, em que o espaço interior e o exterior são percebidos pelas pessoas como uma experiência que tanto as fascina quanto as conforta.

3.12.07

Rapozinha precisou do Galo para ir à Libertadores, pois se dependesse somente dela não iria.

Para quem ainda tem saco de tocar em orquestra

ABERTAS INSCRIÇÕES PARA SELEÇÃO DE MÚSICOS DA OSBA

Aberta as inscrições para a seleção de 13 músicos/professores da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA). De acordo com o edital lançado Fundação Cultural do Estado, a seleção será feita pela própria Orquestra, através de uma comissão composta por cinco músicos com experiência. As inscrições vão até 12 de dezembro.

Entre os profissionais selecionados, estão disponíveis 5 (cinco) vagas para Violino, 2 (duas) para Viola, 2 (duas) para Contrabaixo, 1 (uma) para Trompa, 1 (uma) para Trombone, 1 (uma) para Oboé e 1 (uma) para Harpa. O Salário (Base + Gratificações) para os músicos gira entre R$ 2.500 e R$ 3.000 com contrato de até 2 anos.

Para mais informações, incluindo o edital, ficha de inscrição, os anexos e programa das músicas a serem executadas durante a seleção, já estão disponíveis no site do Teatro Castro Alves e podem ser obtidas também através do telefone (71) 3339-8049, telefax (71) 3339-8048 e pelo e-mail: osbatca@yahoo.com.br.