Meus compadres e comadres.
Mais um pedaço da história de Uberaba virou entulho. Estou falando da demolição arbitrária de um casarão da Avenida Presidente Vargas.
A casa tinha valor significativo e estava dentro de um conjunto importante, no entorno do Grupo Brasil, Igreja São Domingos e Santa Rita, bens já tombados. Era inventariada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha) desde 1987 e não poderia ser demolida ou modificada sem a autorização do Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Conphau).
Alguns conselheiros lembram que a Prefeitura de Uberaba está trabalhando para revitalizar e valorizar o aspecto histórico da cidade, e afirmam que não houve tempo para articular. "A prefeitura já permutou casas, restaurando e estudando o núcleo histórico da cidade. Aquele é um conjunto que merece ser preservado, com residências apresentando características ligadas ao ecletismo. O interesse não é isolado e não destacamos apenas os que têm valor artístico e arquitetônico, e sim o conjunto harmônico, que merece ser preservado".
Agora estão falando que vão aplicar uma multa de 50% do valor do imóvel à proprietária. Como se isso adiantasse ou trouxesse de volta o casarão.
Será que não está faltando uma política de prevenção mais séria que passe inclusive pela conscientização da população e principalmente dos proprietários desses imóveis de valor arquitetônico e histórico?
Há imóveis de valor histórico e cultural que são públicos e outros que são privados. Estes últimos, adquiridos pelo fruto do trabalho ou legado, são protegidos constitucionalmente como valores conquistados por direito. Mas a mesma Constituição diz que aquilo que tem valor e interesse social pode ser considerado público resultando assim no falecimento do interesse privado perante o interesse social.
O proprietário tem direito a indenização e em Uberaba é sabido das isenções e descontos de taxas públicas.
Temos que respeitar a sociedade preservando o que é dela por direito constitucional e dar benefícios àqueles que vão receber o justo por serem proprietários de bens considerados de valor arquitetônico e histórico.
Temos que saber mostrar à população e aos fervorosos defensores do “progresso” que pode haver convivência harmoniosa com a preservação. Além do mais hoje somos o que fomos e o que poderemos ser dependerá do que vamos conseguir preservar da nossa história e da nossa cultura.
O Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Conphau) deveria divulgar seus contatos telefônicos na vizinhança dos patrimônios arquitetônicos e históricos (S.O.S. PATRIMÔNIO) para que seja avisado quando uma agressão dessas estiver nas eminências de ser efetuada.
O povo pode e deve ajudar a preservar, mas antes precisa ser conscientizado e assim poderá cobrar uma política cultural séria, sem partidos, cor, raça ou religião que faça cessar a nefasta ação dos interesses privados que se sobrepõem ao interesse coletivo e cultural.
Vamos cuidar do que ainda resta!