3.11.07

De Tião Carreiro a Lennon

Em seu novo CD, Ivan Vilela grava releituras e busca novos sons para a viola

Para o violeiro Ivan Vilela, mineiro de Itajubá, o conceito de dupla é algo bem amplo. Vai de Tião Carreiro e Lourival dos Santos a John Lennon e Paul McCartney, passando por Edu Lobo e Capinam. Esses são apenas alguns dos autores que ele contempla no seu novo disco, Dez cordas, no qual mostra talento para fazer releituras.

“Quando gravei o autoral Paisagens, estava praticando viola para descobrir como usá-la. Agora resolvi fazer arranjos. Esse disco é importante porque registra essa fase, documentando a técnica que o Renato Andrade esboçou e para a qual dei implicações rítmicas e melódicas. Não toco as cordas da viola em cinco duplas, toco as 10 separadamente. Parece que estou tocando dois instrumentos”, explica.

No repertório, Valsinha (Vinicius de Moraes e Chico Buarque), Eleanor Rigby (John Lennon e Paul McCartney), Chora viola (Tião Carreiro e Lourival dos Santos), Nascente (Flávio Venturini e Murilo Antunes), Ponteio (Edu Lobo e Capinam) e While My Guitar Gently Weeps (George Harrison).

O que todas essas canções têm em comum? “Além de serem tocadas com a minha técnica, a amarração se dá com o meu jeito de fazer arranjo. A harmonia é feita com tonalismo e modalismo. Assim, há momentos em que a música toma rumo inesperado. Acho que é influência do Clube da Esquina, que pesquiso há anos. Além disso, gosto de criar espaços para o silêncio”, responde Ivan Vilela.

Por Eduardo Tristão Girão