1.12.06

Orquestra de Uberaba e a Associação Cultural Antenógenes Silva

LANÇADA EM 23 DE OUTUBRO DE 2001, COM UM PÚBLICO DE APROXIMADAMENTE MIL PESSOAS, SUPERLOTANDO A SALA DE APRESENTAÇÕES E DEPENDÊNCIAS EXTERNAS DO ANFITEATRO CECÍLIA PALMÉRIO, A ORQUESTRA DE UBERABA NÃO EMPLACOU 2002 EM VIRTUDE DE DIFICULDADES FINANCERIAS PARA SUA MANUTENÇÃO.

Meus compadres e minhas comadres.

Estamos em compasso de espera, aguardando aprovação do projeto que enviamos à Secretaria de Estado da Cultura, onde pleiteamos nosso cadastramento na Lei de Incentivo à Cultura do Estado de Minas Gerais para viabilizar, novamente, a nossa sempre sonhada Orquestra de Uberaba.

Depois da fase de cadastramento daremos início à mais uma peregrinação buscando alavancar recursos junto às empresas privadas para a manutenção desse tão importante organismo para a nossa cultura.
Os futuros patrocinadores abaterão no ICMS a ser pago ao Estado os recursos destinados à Orquestra que oferecerá uma contrapartida na mesma proporção ao orçamento de seu projeto.

O projeto para funcionamento da Orquestra de Uberaba destaca-se pelo seu compromisso com as causas sociais e pretende, atendendo a demanda artística da periferia da cidade - verdadeiro celeiro de talentos musicais - ministrar aulas de instrumentos sob responsabilidade dos integrantes da Orquestra, e estes, por outro lado, serão também orientados por profissionais de reconhecidos méritos e trabalhos relevantes dentro da magistratura musical.

Quando do lançamento da Orquestra em 2001 pude fazer um pronunciamento ao público reconhecendo-o como nosso maior parceiro tamanha a receptividade e reciprocidade. Contamos na oportunidade com apoios culturais expressivos como os da Bell Soft e Fundação Cultural de Uberaba.

Há que se destacar também o envolvimento de setores organizados e representativos que além de estarem presentes para expressarem seu apoio participaram de todo o processo de implantação da orquestra numa cumplicidade sem par na história cultural de Uberaba.

O primeiro concerto da Orquestra de Uberaba teve destaque amplo na imprensa local e inclusive transmissão pela TV, o que nos confirmou ser a Orquestra um sonho de todos nós.

Recebemos, durante este pouco tempo de atividades, convites para apresentações em Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana e São João Del Rey e nos fizemos presentes no SESC de Ribeirão Preto em uma apresentação memorável juntos com o grupo de percussão da periferia de Uberaba,“Os Tribais”.


NOVOS DESAFIOS

Agora, com a compra do Cine Vera Cruz pela Prefeitura Municipal de Uberaba e com sua transformação em Teatro Municipal Vera Cruz a comunidade artística e cultural da cidade está sendo chamada a novos desafios.

Todos sabemos o que significa para uma cidade ter seu teatro municipal, com instalações amplas capaz de receber um público de mais de mil pessoas. A produção local tem que se fazer presente, aprimorando-se, buscando incansavelmente, e cada vez mais, atingir os melhores índices técnicos e estando sempre se superando.

Ainda somos muito deficientes quando o assunto é obtenção de recursos para nossas produções ou ações culturais, principalmente quando se trata de elaboração de projetos, sejam eles para a Lei de Incentivo do Estado, Lei Rouanet e similares.

A necessidade em se comprometer a crescer técnica e artísticamente e poder mostrar sempre ao nosso público um trabalho cada vez mais elaborado nos fará contribuir para o aprimoramento não somente nosso, enquanto artistas e agentes culturais, mas também desse público, e esse, com um grau de exigência maior - impulsionado também pelas produções vindas dos grandes centros já que agora temos um teatro a altura de recebe-las – nos forçará a estarmos sempre numa ascendente, buscando sempre a atualização de conteúdos, de conceitos, técnicas e valores artísticos e culturais.

Sob essa imposição da nova realidade que Uberaba busca para a área cultural é que estão arraigadas as propostas para nossa Orquestra. Não quero mais falar da necessidade de termos uma orquestra porque isso já cansou! Quero dizer que em cima dos seguintes questionamentos estamos norteando nossa ação na busca de um organismo cultural alto-sustentável e que não sofra retrocessos.

1. Como buscar a excelência operacional em todos nossos setores?
2. Como fazer para que todos nossos músicos cresçam e se tornem cada vez mais aptos a contribuir para termos uma orquestra de ponta e a altura do que nossa cidade exige?
3. Como fazer para elaborar projetos para as leis de incentivo e não correr o risco de não serem aprovados?
4. Como fazer para que nossa captação de recursos seja eficiente?

A primeira iniciativa que adotamos foi enviar um projeto para a Lei do ICMS, de Minas Gerais, que na ausência de uma entidade para sua proposição acabou sendo feita no âmbito da pessoa física.

O segundo passo foi criar uma pessoa jurídica que pudesse cumprir o papel de gerir nossas atividades.

Já tínhamos uma associação fundada na década de 80, fruto das discussões travadas no interior dos três festivais de verão, realizados em Uberaba nos anos de 86, 87 e 88. Em total inatividade desde a extinção do Festival de Verão, sócios fundadores da Associação Profissional dos Artistas - APA se reuniram recentemente e transformaram-na em ACUAS - Associação Cultural Antenógenes Silva.

Seu lançamento ao público será no dia 23 de dezembro, às 20:30h, no T.E.U., com uma apresentação da Orquestra de Uberaba onde atuarei como solista, apresentando um trabalho de cultura popular entitulado “TRAVESSIA” com rabeca, poesias caboclas, literatura de cordel e causos.

Será através da ACUAS e da Orquestra de Uberaba que atingiremos nossa excelência operacional. Nosso intuito nesse primeiro momento é aparelhar nossos músicos cada vez mais e revelar novos talentos para nossa orquestra sem nunca abandonar o ideal de sermos uma orquestra de primeira linha, capaz de levar o nome de Uberaba para dentro das agendas culturais do Brasil.

Para tanto, nosso projeto aponta para a vinda de professores notadamente capacitados para a formação técnica e artística de nossos músicos, que além das atividades da Orquestra terão a oportunidade de estarem ministrando aulas para jovens carentes na busca de novos talentos. Isso faz da Orquestra de Uberaba uma orquestra cidadã e faz que sua alto-sustentabilidade esteja comprometida e entrelaçada a ação social que se propõe.

Um outro aspecto que buscamos é poder também aparelhar nossos futuros profissionais da área de projetos, marketing, produção e captação.

Uma das primeiras atividades da ACUAS será trazer a Uberaba profissionais do Estado, do Governo Federal e de outras ongs para nos auxiliar em nosso aperfeiçoamento no sentido de nos tornarmos cada vez mais eficazes na elaboração e agenciamento de projetos. Essas atividades serão abertas a toda comunidade. Necessitamos deste aparelhamento para, inclusive, estarmos capacitados a capacitar a parcela do empresariado que desconhece as vantagens das leis de renúncia fiscal.

Nossa ação está galgada na obtenção de recursos junto às empresas privadas e através de parcerias com o poder público como as que já estão ocorrendo com a Fundação Cultural de Uberaba e outras entidades de natureza congênere à nossa.

Temos potencial e vontades incalculáveis para atingirmos nossas metas e as contribuições do nosso projeto encontram apoio no desenvolvimento da atividade musical e começam, portanto, pela sua conceituação básica, passam pela administração e produção profissionalizadas, pela adoção de estratégias de marketing e terminam com a estruturação de uma identidade para a ACUAS – Associação Cultural Antenógenes Silva, enquanto mantenedora da Orquestra de Uberaba não só perante o público, mas principalmente na concretização de uma atividade que busca a inovação artística e a excelência operacional.