25.3.07

Hoje é aniversário do Galo. 99 anos de paixão e raça

O "Ser Atleticano"
(Roberto Drumond)

O atleticano é diferente de qualquer outro torcedor
É diferente, pois não se restringe a ser
Somente torcedor
Ser atleticano é como casamento
Na saúde e na doença
Nas alegrias e nas tristezas
Mesmo quando a doença parece não ir
E as tristezas teimam em permanecer
O atleticano é capaz de
Após uma derrota humilhante
Pegar a camisa no armário
E sair às ruas
Mesmo sendo alvo de piadas
Isso por que o atleticano não torce por um time
Torce por uma nação
E tal qual em uma guerra
Um cidadão não renega um país
Mesmo que a derrota seja grande
O atleticano apóia seu time na derrota
Pois os obstáculos engrandecem
Seu sentimento de nacionalismo
E que me perdoem os que têm apenas títulos
Claro que são importantes
Mas o atleticano tem algo que os outros nunca terão
Tem paixão!

Começa a contagem regressiva para o centenário do Clube Atlético Mineiro. Neste domingo (25), o Galo completa 99 anos, marcados por grandes conquistas, orgulho e fanatismo. Uma das histórias mais ricas do esporte brasileiro começou em 25 de março de 1908, quando um grupo de estudantes trocou as aulas daquela quarta-feira por uma reunião no coreto do Parque Municipal, em Belo Horizonte. O acontecimento mudaria para sempre o curso da História. Nascia ali o Athlético Mineiro Football Club, que em 1912 sofreria uma mudança de grafia e passaria a se chamar Clube Atlético Mineiro, romperia fronteiras e gravaria seu nome no desporto mundial. Para comemorar o aniversário do Clube, será celebrada uma Missa em Ação de Graças neste domingo (25), às 21h, na Igreja da Boa Viagem.

Atualmente, o Atlético é um dos clubes sul-americanos com melhor estrutura para futebol profissional e de base. A Cidade do Galo é considerada um dos mais modernos e completos centros de treinamento e concentração do continente.

A trajetória vitoriosa já seria desenhada no primeiro jogo. Em 21 de março de 1909, o Atlético venceu o Sport Club Futebol por 3 a 0, na casa do adversário. O primeiro gol foi marcado por Aníbal Machado, que se tornaria um grande escritor brasileiro. O rival não se conformou com a derrota, pediu revanche e foi novamente superado, desta vez pelo placar de 2 a 0. Na terceira partida, o time alvinegro aplicou uma goleada por 4 a 0, resultado que causou a extinção do Sport.

Além das glórias que marcam os seus 99 anos de existência, o Galo também pode se orgulhar de ser considerado o clube que possui a torcida mais fanática do Brasil. Ao longo dos tempos, a Massa Atleticana vem demonstrando sua força e estabelecendo recordes. O exemplo mais recente foi visto na conquista do Campeonato Brasileiro da Série B de 2006, quando o País inteiro acompanhou a torcida alvinegra embalar a equipe rumo ao título. Em reconhecimento, o Clube imortalizou a camisa 12, que representa o torcedor atleticano e não será mais utilizada por nenhum atleta.

Pioneirismo - A história atleticana é marcada pelo pioneirismo dentro e fora de campo. Em 1908, foi o primeiro time mineiro a trocar as antigas bolas de meia pelas de couro. Seis anos mais tarde, conquistou o primeiro torneio de futebol realizado em Minas Gerais, a Taça Bueno Brandão. Em 1915, venceu o primeiro campeonato oficial de futebol do Estado, organizado pela Liga Mineira de Esportes Terrestres, atual Federação Mineira de Futebol (FMF).

Ao contrário de outras equipes, que não permitiam o ingresso de quem não fosse rico ou estudante, o Atlético se firmava a cada dia como time do povo. O caráter popular rompeu as barreiras para o crescimento do Clube. Em 1929, o Atlético teve o primeiro jogador de fora do eixo Rio-São Paulo convocado para a Seleção Brasileira: o atacante Mário de Castro. O convite, no entanto, foi recusado pelo atleta sob a alegação de que não vestiria nenhuma camisa que não a alvinegra, com a qual marcou 195 gols em apenas 100 jogos, provavelmente a maior média do futebol mundial.

Ainda em 1929, em novo ato vanguardista, o Galo disputou o primeiro jogo internacional de um time mineiro, vencendo o então Campeão Português Victória de Setúbal por 3 a 1. Os gols foram marcados por Mário de Castro (2) e Said. A partida foi disputada no Estádio Antônio Carlos, que havia sido inaugurado em 30 de maio daquele ano e foi um dos primeiros do País a instalar refletores. O jogo de inauguração do também conhecido como Estádio de Lourdes foi contra o favorito Corinthians e o Galo venceu por 4 a 2, gols de Mário de Castro (3) e Said. Em 17 de agosto do ano seguinte, o estádio recebeu a visita do então presidente da FIFA, Jules Rimet, que acompanhou pela primeira vez um jogo noturno.

Ultrapassando as montanhas mineiras, em 1937, o Atlético se sagrou Campeão dos Campeões do Brasil, na primeira competição interestadual profissional realizada no País. O torneio foi organizado pela Federação Brasileira de Futebol (FBF) e reuniu as equipes vencedoras dos estaduais de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. Ainda naquele ano, a FBF se fundiu à Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atual Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Em 1950, o Galo realizou inédita excursão pela Europa. Entre 2 de novembro e 7 de dezembro daquele ano, o time disputou dez partidas contra equipes da Alemanha, Áustria, Bélgica, Luxemburgo e França. Foram seis vitórias, dois empates e apenas duas derrotas. A notável campanha nos frios gramados do velho continente, alguns cobertos de neve, rendeu ao Clube o título simbólico de ‘Campeão do Gelo’ e abriu as portas da Europa para o futebol brasileiro.

Mais um feito inédito seria alcançado em 1969, quando o Atlético se tornou a única equipe do mundo a derrotar a Seleção Brasileira que conquistaria o tricampeonato mundial um ano depois, no México. Atuando no Mineirão, o Galo venceu por 2 a 1, gols de Amaury e Dadá Maravilha, com o Rei Pelé descontando para o Brasil. Desde então, a Seleção passou a evitar jogos contra times brasileiros.

Em 1971, o Galo se sagrou novamente Campeão Nacional ao vencer a primeira edição do atual Campeonato Brasileiro. A escrita continuou em 1992, com a conquista continental da primeira Copa Conmebol, competição equivalente à Copa da UEFA.

Símbolos Em meados da década de 1940, o cartunista Fernando Pierucetti, mais conhecido como Mangabeira, foi incumbido de batizar cada equipe mineira com um animal. Representando a raça e a bravura com que o time jogava, coube ao Atlético o galo carijó, preto e branco, um galo de briga que nunca se entregava antes do final das batalhas. O mascote alvinergo foi o bicho de maior sucesso entre todos e logo passou a simbolizar a paixão atleticana.

Idolatrado pela torcida, o Hino ao Clube Atlético Mineiro é o mais cantado em estádios no Brasil. Ele foi escrito e comporto por Vicente Motta, em 1969. Já o primeiro hino oficial do Clube foi composto em 1928 por Augusto César Moreira (música) e Djalma Andrade (letra).

Conquistas - O Atlético tem sua história marcada por grandes títulos. Em nível internacional, destacam-se o bicampeonato da Copa Conmebol (1992/97), o Torneio de Paris (1982) (França), Torneio de Leon (1972) (México), Torneio Conde de Fenosa (1976) (Espanha), Torneio de Vigo (1977) (Espanha), Torneio Costa do Sol (1980) (Espanha), Torneio de Bilbao (1982) (Espanha), Torneio de Berna (1983) (Suíça), Torneio de Amsterdã (1984) (Holanda), Troféu Ramon de Carranza (1990) (Espanha), Torneio de Cádiz (1990) (Espanha), Copa Centenário de Belo Horizonte (1997), Taça Millenium (1999) (EUA) e Three Continent`s Cup (Copa dos Três Continentes) (1999) (EUA).

No cenário nacional, o Galo tem conquistas como o Torneio Campeão dos Campeões (FBF) (1937), Campeonato Brasileiro (1971), Torneio Campeão dos Campeões do Brasil (1978), Campeonato Brasileiro da Série B (2006) e três vice-campeonatos brasileiros (1977, 1980 e 1999). Em território mineiro, é o clube mais vencedor, com 38 títulos estaduais.

A galeria de troféus do Clube ainda é enriquecida por grandes conquistas em outros esportes, especialmente no futsal, onde o Atlético é Campeão Mundial de Clubes (1998) e tricampeão nacional profissional (1985/97/99). No atletismo, destaca-se o título da Corrida de São Silvestre, vencida pelo atleta João da Mata em 1983. Importantes vitórias no basquete e no vôlei também fazem parte da vida atleticana.

Seleção - Inúmeros craques que passaram pelo Atlético já vestiram a camisa da Seleção Brasileira, como Reinaldo, Dario, Toninho Cerezo, Luizinho, Éder Aleixo, Ronaldo, Lola, Getúlio, Renaldo, Doriva, Paulo Isidoro, Vantuir, Marcelo, João Leite, Orlando, Elzo, Edivaldo, Batista, Sérgio Araújo, Moacir, Cléber, Mancine, Djalma Dias, Marcos Vinícius, Marinho, Ronaldo Guiaro, João Alfredo, Vaguinho, Vanderlei Paiva, Taffarel, Caçapa, Marques, Guilherme, Marcial, Valdo, Romeu, William, Adílson, Ângelo, Campos, Gérson, Danival, Cairo, Emerson, Lincoln, Márcio Santos, Renato Morungava, Amauri Horta, Caldeira, Carlos Augusto, Carlyle, Décio Teixeira, Grapete, Marquinhos, Mussula, Normandes, Oldair, Palhinha, Beletti, Reinaldo Rosa, Ronaldo Drumond, Tião, Wander e Felipe, entre outros. Em 2002, o volante Gilberto Silva foi pentacampeão mundial pelo Brasil como jogador do Atlético.

Em 19 de dezembro de 1968, representando a Seleção Brasileira, o Galo venceu amistoso contra a Iugoslávia por 3 a 2, de virada, gols de Vaguinho, Amauri e Ronaldo. A história atleticana ainda relata duelos contra seleções da França, Uruguai, Hungria, União Soviética, Romênia, México, Luxemburgo, Kwait, Bulgária, Colômbia, Jamaica, Indonésia, Argélia, Camarões, Catar, Ilhas Faroe e Vietnã.

A tradição do Clube também pode ser ilustrada pelos grandes adversários internacionais que já enfrentou como Borússia Dortmund, Schalque 04, Werder Bremen, Hamburgo, Munich 1860 (Alemanha), Barcelona, Atlético de Madri, La Coruña (Espanha), Milan, Roma, Lazio, Torino (Itália), Manchester United (Inglaterra), Benfica, Porto, Victória de Setúbal, Sporting (Portugal), Ajax, PSV Eindhoven (Holanda), Paris Saint Germain (França), Anderlecht (Bélgica), Rapid Viena (Áustria), Sparta de Praga (República Tcheca), Dínamo Zagreb (Iugoslávia), Boca Juniors, Independiente, River Plate, Racing, Vélez Sarsfield (Argentina), Peñarol, Nacional (Uruguai), Olímpia (Paraguai) e Kashima Antlers (Japão).

Fundadores - Aleixanor Alves Pereira, Antônio Antunes Filho, Augusto Soares, Benjamim Moss Filho, Carlos Maciel, Eurico Catão, Francisco Monteiro, Hugo Fracarolli, Humberto Moreira, Horácio Machado, João Barbosa Sobrinho, Jorge Dias Pena, José Soares Alves, Júlio Menezes Mello, Leônidas Fulgêncio, Margival Mendes Leal, Mário Neves, Mário Lott, Mário Toledo, Mauro Brochado, Raul Fracarolli e Sinval Moreira.