21.4.07

Tiradentes

Meus compadres e comadres: antes de qualquer coisa gostaria de informar que esta ilustração ao lado foi o símbolo da Inconfidência Mineira e daí saiu a bandeira de Minas Gerais. Mas o que eu queria dizer é que o grande jornalista Júlio Chiavenato dedicou seu comentário de hoje, no Jornal A Cidade, à figura consagrada do alferes Tiradentes, Inconfidencia Mineira e elite. Esta última representada pelos artistas da época na sua maioria poetas. Júlio, sem precisar de muitas linhas, faz uma síntese do que de fato foi a Inconfidência Mineira.
Nisso que dá aliar-se à elite. Fico lembrando de alguns exemplos que a história nos legou, por exemplo: a política de aliança do PCB, na década de 30 no que deu; a política de aliança do Governo Lula, em seu primeiro mandato, no que deu; até aqui, na Sinfônica de Ribeirão, a história se repetiu: deu no que deu. Acabei sendo o alferes daqui. A gente precisava aprender mais rápido e a história está aí para nos ajudar. Mas eu, turrão, aprendi.
Vamos ao que o Júlio falou hoje no jornal.

"Por exemplo, Alvarenga Peixoto. Poetão, intelectual diplomado em Coimbra. Coronel e juiz, acumulou fortuna imensa. Casou com Bárbara Heliodora, uma paulista milionária.
Cláudio Manuel da Costa? Poetão e agiota tão rico que em 1761 comprou por 120 quilos de ouro o Hábito de Cristo.
Mais padres com concubinas mulatas e negócios suspeitos; militares traiçoeiros, advogados trapaceiros. Ainda sobravam gonzagas e marílias de dirceus, ricos senhores de escravos rimando pelas gerais, falando em liberdade e descendo a chibata na negrada. Tinham lavras, criavam gado. Mas estavam falidos. O ouro escasseava nas minas, os africanos cada vez mais caros. Perderiam tudo. Então, inventaram a Inconfidência. Do outro lado um arrancador de dentes pobretão, nas figuras ora com barba, ora desbarbado. O Estado o promoveu a herói e mártir: o perigo já passou mesmo. Joaquim José da Silva Xavier foi um dos muitos brasileiros que acreditaram nas elites intelectuais (que por coincidência sempre têm grana e bons empregos). Foi tudo, de mascate a tiradentes. Não passou de alferes.
Queria falar francês. Aos 40 anos decidiu ser engenheiro e cismou de resolver o abastecimento de água do Rio de Janeiro. Mas entrou na conversa dos poetas agiotas milionários e levou a sério a conspiração. Moral da história: a gente fina tirou o corpo fora, Gonzaga disse que o alferes era “pobre, sem respeito e louco”. Ninguém assumiu e o Tiradentes pagou o pato, não dedou nenhum e arrostou Portugal.
Morreu enforcado pra largar de ser besta. Hoje é herói de muito ibope, feriado e romanceiro da Cecília Meireles.
Os poetas agiotas milionários livraram a cara na história e botaram a culpa no Silvério dos Reis".

Tá vendo???